O processo de reparação ambiental do Rio Doce
o papel da ciência e da técnica
Palavras-chave:
Interdisciplinar, Gestão Integrada do Território, Barragem de Fundão, DesastreResumo
Introdução: Após o rompimento da barragem em Mariana, foi instituído o processo reparatório através de acordos judiciais. Estes refletem um imaginário sociotécnico centralizado na ciência, tida como a principal viabilizadora da reparação ambiental. Entretando, essa abordagem é limitada, produz ações e políticas que não são capazes de incorporar os olhares e os sentidos das comunidades atingidas em relação ao rio Doce e ao território, tampouco a manutenção dos modos de vida. Objetivo: Analisar o processo de reparação ambiental em favor das pessoas atingidas na Bacia do rio Doce. Metodologia: Revisão bibliográfica. Resultados: Existe uma divisão metodológica no sistema de reparação. A ordem social, natural, política e da ciência é tratada separadamente, como se possível reconstruí-las dessa maneira. Consequentemente, as ressignificações das formas de vida das vítimas são mensuradas e reordenadas pela técnica. O processo de reparação, nesses moldes, acaba marginalizando aqueles que deveriam ser priorizados na tomada de decisões, e beneficiando os próprios réus. O atingido, além de lidar com o deslocamento físico e material, também sofre com um deslocamento social e cultural, passa por uma sociabilidade forjada a partir de demandas burocráticas e políticas, que lhe são alheias. Conclusão: Os acordos que regulam o processo de reparação do desastre de Fundão, demonstram uma abordagem de reparação ambiental fundamentada em aspectos tecnológicos e científicos. Tal abordagem não está necessariamente ligada as demandas da população. Portanto, mesmo após oito anos do rompimento da barragem de Fundão, o processo reparatório em favor dos atingidos permanece incipiente, pois a sua efetividade depende da participação coletiva dos atingidos.
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